Por: José Ricardo
- Que você tá fazendo aqui uma hora dessas, 04 horas da madrugada!? - perguntou o Sargento Mike.
- Eu vim comprar um cigarro - respondeu o vapor.
- Oh, vai falar mentira lá na @#$%¨&**&¨%$#@! Você tá aqui desde ontem à noite. Você pode tá é vendendo cigarro, isso sim.
- Tem nada comigo não, police.
- Some daqui! Vaza, vaza! - o vapor, querendo continuar o turno, olhou para o sargento esperando que este lhe respeitasse o direito de ir e vir. - Você vai sumir daqui ou quer que eu *&¨%$#@#$$%!? - O sargento perdeu a paciência. O vapor decidiu ir embora; o movimento já estava meio fraco mesmo e ele não tinha muita esperança em faturar nada de significativo até o dia clarear. Aos poucos foi descendo o beco até sumir das vistas dos policiais.
Vendo o vapor já distante, o sargento virou-se para os outros três policiais que, junto com ele, desencadearam uma incursão no Morro dos Kids.
- É, hoje não tem mais nada aqui, não.
- O último era essa esse aí, sargento. Quando o dia clarear, começa tudo de novo. Essa droga é uma praga. Não tem como acabar com isso, não. - disse o Soldado Bumarke.
O Cabo Lot pensava diferente e se manifestou:
- Jeito tem. Queria ver se a lei desse 10 anos de cadeia para o usuário se esse negócio não acabava. Semana passada, nós pegamos um usuário e sabe o que ele me disse? Ele me disse: “Eu entendo de lei, você não pode me prender, eu sou um doente, eu preciso é de tratamento.” Eu mandei ele falar isso com o juiz. É o juiz quem decide se o cara é usuário ou traficante, não é, sargento?
- De acordo com nova lei, sim. O juiz vai decidir a partir das circunstâncias. Se a gente pegar o cara com droga, tem que rebocar do mesmo jeito.
- Então, o usuário tava meio alterado, botei o grampo nele e reboquei. Vai pra #$%%#@#%%%! O cara querendo tirar onda com minha cara...
- É, se o usuário pegasse 10 anos de cadeia esse negócio acabava mesmo. - completou o sargento.
- O cara ia parar de usar com medo de ficar garrado. 10 anos de cadeia... Duvido se o cara ia ao menos pensar em usar essas porcarias.
- Eu vivo falando que a gente fica é enxugando gelo.
- Mas, sargento, se a gente não fizer nada, o negócio vira bagunça.
- Eu sei. A gente tem que continuar enxugando gelo mesmo. É com esse intuito que nós estamos aqui, agora, arriscando nossas vidas. Se a gente não fizer, quem vai fazer?
- Quem? Quem...
- E o senhor já percebeu que tudo cai nas costas da Military Police. Se os índices de violência aumentam, o comandante do Batalhão tem que explicar, como se a culpa fosse nossa. Prender a gente prende, e muito, mas o que acontece depois já não depende mais de nós. Eu já prendi esse Dalysson, o que tava aqui, três vezes. Tá ele aí de novo. Fica a noite toda aqui. Cê acha que ele vai mudar de vida?
- Enquanto a lei não mudar, tudo vai continuar do mesmo jeito. É aquele antigo ditado: “Se nada muda, nada muda!”. E nós é que vamos continuar levando a culpa...
- 10 anos de cadeia para o usuário. Quero ver se não acaba! - finalizou o Cabo Lot.
Nota: Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência.
"É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” - Inciso IX do artigo 5º da Constituição Federal.
Diário de PM/BM
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