Muitas
pessoas dizem depois de ocorrer um acidente com bombeiros “que houve falta de
cuidado, que podia ter sido evitado o acidente etc.”, mas esquecem – se que o
bombeiro quando vai para uma situação de catástrofe, só pensa em salvar vidas,
mesmo sabendo o risco que corre.
Faz parte
da formação do bombeiro que todo o trabalho desenvolvido num sinistro tem que
estar interligado entre a equipe que está a fazer busca e salvamento, ou a que
está em combate ao fogo e o comandante das operações que é quem dá uma ajuda
preciosa do lado de fora.
Nós sabemos
que na prática muitas vezes isso não acontece, ou por dificuldade nas
comunicações, ou o que é mais freqüente, equipamentos de comunicação em mau
estado ou mesmo inexistentes.
Por tudo
isto muitas vezes os bombeiros são tão vitimas como as que tentam salvar porque
não têm noção do que se passa cá fora.
Achei
interessante este artigo e voltando a relembrar o 11 de Setembro aqui fica um
exemplo do que pode acontecer aos bombeiros no cumprimento da sua missão.
Depoimentos
recém-divulgados mostram que as ordens não chegaram a todos; urgência era
desconhecida.
Entre a
queda da Torre Sul e a da Torre Norte, os bombeiros de Nova York tinham 29 minutos
para sair do World Trade Center. Quem não o fizesse, morreria.
Dentro da Torre Norte, no entanto, quase nenhum bombeiro percebeu a
urgência da situação. Não faziam idéia de que a Torre Sul acabara de ruir.
Tampouco de
que seus comandantes, na rua, e pilotos de helicópteros, no céu, tentavam
dizer-lhes que a queda do prédio onde estavam era certa.
Até o mês
passado, a dimensão do isolamento em que se encontravam esses bombeiros era um
segredo. A situação veio à tona quando a Justiça mandou divulgar os depoimentos
daqueles que atuaram no 11 de Setembro.
Os relatos
trazem uma versão muito mais sombria do que aquela apresentada pelo prefeito
Michael Bloomberg e por seu antecessor, Rudolph Giuliani.
Os dois
disseram que muitos
dos bombeiros na Torre Norte sabiam o risco que corriam, mas ficaram no prédio
pelos civis. Eles não citaram um detalhe repetido à exaustão nos depoimentos:
que os bombeiros "não tinham noção" da realidade, não podiam ver o
que acontecia fora da torre.
Mesmo
depois de a Torre Sul cair, quando havia poucos civis nos andares mais baixos
da Torre Norte, filas e filas de bombeiros descansavam no lobby e no 19º andar
enquanto o tempo se esvaía. Embora não haja dado oficial sobre onde estavam os
343 bombeiros que morreram nos trabalhos de resgate, o exame dos depoimentos,
dos relatórios federais e dos documentos de agências oficiais sugerem que cerca
de 200 perderam a vida na Torre Norte ou a seus pés.
Dos 58 que escaparam e relataram sua experiência, só quatro sabiam que
a Torre Sul havia caído antes de deixar o prédio. Só três receberam alertas
pelo rádio de que a Torre Norte estava condenada. E parte dos que ouviram as
ordens para esvaziar o prédio ainda não sabe se elas eram para eles.
"Nem no meu sonho mais louco imaginei essas torres caindo", disse o bombeiro David Sandvik..
"Nem no meu sonho mais louco imaginei essas torres caindo", disse o bombeiro David Sandvik..
Na Torre
Norte, a queda da Torre Sul foi ouvida, mas não foi vista; foi sentida, mas não
compreendida. As escadarias não tinham janelas. O sinal dos rádios ia e vinha. Poucos sabiam
que um avião atingira o outro prédio.
Embora o
fato de os bombeiros terem adiado sua saída para salvar os civis seja endossado
pelos relatos, ele perde a força como explicação para tantas mortes.
Os
depoimentos não trazem, no entanto, explicação clara para o isolamento dos bombeiros no prédio,
se foi por problemas no sistema de comunicação por rádio, falhas na estrutura
do Corpo de Bombeiros ou perda do controle por parte dos comandantes. Alguns
dizem ter recebido ordens pelo rádio para deixar o prédio, outros descrevem com
palavrões o equipamento. Ainda
assim, os relatos preenchem lacunas.
Da rua, o
chefe do Corpo de Bombeiros, Peter Ganci, disse duas vezes para seus homens
deixarem a Torre Norte, segundo Albert Turi, mas não se sabe se alguém lá
dentro o ouviu. Nem mesmo Turi, a metros de distância, pôde ouvir a ordem no
rádio.
Ainda
assim, em dado momento, a ordem chegou ao 27º andar, onde vários bombeiros
descansavam, incluindo Michael Wernick. "Eu sabia que, naquele momento,
não havia urgência em deixar o prédio", disse ele. O entrevistador
pergunta: "Você acha que alguém a sua volta tinha noção de que o outro
prédio caíra?". Wernick responde: "Não".
Três
pessoas disseram ter visto cerca de cem bombeiros descansando no 19º minutos
antes de o prédio cair.
Falando
abruptamente, sem a aura mística que tomou boa parte do que foi relatado sobre
o 11 de Setembro, alguns bombeiros se indagaram por que foram enviados para extinguir um
fogo difícil de domar a 300 metros do chão.
"Acho que, se o prédio tivesse caída uma hora depois, teríamos uns mil bombeiros aqui", disse Timothy Marmion. "Se caísse três horas depois, seríamos 10 mil bombeiros nesses prédios."
"Acho que, se o prédio tivesse caída uma hora depois, teríamos uns mil bombeiros aqui", disse Timothy Marmion. "Se caísse três horas depois, seríamos 10 mil bombeiros nesses prédios."
Se os
prédios não tivessem caído, os bombeiros, carregados de equipamentos, levariam
quatro horas para chegar aos pisos mais altos. "Somos tão vítimas quanto todos naquele prédio", disse o bombeiro Derek Brogan. "Não tivemos nem
chance de apagar o fogo, que era tudo que estávamos tentando fazer. "
Diário de PM/BM
Evolução do Bombeiro:
Historia do Bombeiro
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