terça-feira, 6 de agosto de 2013

Três cenas de uma Polícia Brasileira




Era madrugada, a rodovia estava silenciosa, monótona. Para quebrar a tranquilidade, e o sono, uma caminhonete apontava após a curva: som alto, gente batendo na lataria com a mão para fora. Muita empolgação. 




Hilux preta. Cosme, o soldado mais antigo, mandou o carro parar: licenciamento atrasado, condutor sem habilitação, sinais de embriaguez ao volante. Uma das duas moças que estavam no veículo se insinuam para o PM, que finge não ver. O condutor o aborda:
- Com quanto a gente resolve isso, meu chapa?
- O senhor está preso em flagrante!
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- Olá, Douglas… Que bom te ver por aqui, senta aí conosco, este é um amigo nosso, o Pablo.
- Olá, tudo bem?
- Opa, tudo… falaí…
- Você anda fazendo o que da vida?
- Virei policial, entrei na polícia ano passado.
- Nossa, coincidência… O Pablo também é policial.
- Jura? E trabalha onde?
- Delegacia de Furtos, e você?
- Ah… Sou PM, trabalho no Batalhão da Lapa.
- Uhn, sei.
- Vou indo então… Depois nos falamos. Prazer revê-lo.
- É cedo ainda…
- Não… Até mais.
- Nossa… Não precisava insistir pro PM ficar na mesa. Não vou muito com essa raça…
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- Mil e quinhentos reais por mês? Eu quero mais o quê? Trabalha um dia, folga três, dá pra estudar e até fazer outros trabalhos…
(10 anos depois)
- Meu salário não dá pra nada. Água, luz, supermercado, telefone, escola do filho, roupa… Nem com o bico tá dando pra viver direito.
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*Estas cenas são descrições fictícias, possíveis de ocorrer, entretanto, em qualquer polícia brasileira.

Autor:
Danillo Ferreira - Tenente da Polícia Militar da Bahia, associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública e graduando em Filosofia pela UEFS-BA. | Contato: abordagempolicial@gmail.com


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