terça-feira, 27 de agosto de 2013

O DESESPERO DO POzeiro




Meus nobres leitores, a estória de hoje é sobre necessidades fisiológicas do policial. Aparentemente o tema é dos mais banais possíveis, porém nada pode ser mais falso do que essa afirmação. Somente quem já passou por uma situação parecida com a do nosso herói de hoje sabe do drama e desespero que pode acometer a um infeliz quando a natureza o chama no momento e local errado.
 

Bem, o serviço de PO, além de colocarem a alcunha depreciadora de “Cosme e Damião”que tanto irrita os POzeiros, tem algumas peculiaridades e vicissitudes que só “puxando” uns seis meses pra conhecer mesmo. Quem não é PM pensa que o serviço é tranqüilo, pois é só ficar andando pra lá e pra cá alugando as vendedoras das lojas e pronto. Mas a realidade é diferente, bem diferente...

Primeiro a escala é a pior do batalhão. Além disso, enquantoa população chama os policiais que trabalham em viatura de ‘policial’, o POzeiroé tratado por ‘seu guarda’. Até no quartel o Pozeiro é discriminado, é só chegar 5 minutos atrasado que a caneta come, enquanto os da RP só precisam ligar e avisar que vaichegar duas ou três horas atrasado que tá tudo resolvido. Pelo fato de pegarem menos ocorrência que o pessoal motorizado, acabam por ganhar a pecha de muchibas e escamões. Enfim, salvo raras exceções, é um serviço que é composto mais por novinhos mesmo, pois os antigões querem distancia do PO.

Nosso personagem de hoje é um sujeito de estatura mediana e magro. Bem humorado e gente finíssima. Devido ao fato de seu rosto ser fino e sua pele branca (fica avermelhada quando fica constrangido), ele ganhou a alcunha pouco graciosa de “cara de frango”. No mais,o que pode ser destacado nele é a timideze a voz pausada e com uma tonalidade meio fanha. Porém em seus comentários, ele consegue ser ácido e cômico ao mesmo tempo. Até esse dia ele vivia acostumado com o tal do PO. Até a provação desse dia...

Nesse dia histórico, um sábado à tarde que estava quente feito o inferno, ele estava escalado em uma quadra residencial de Tão Tão Distante. Depois de comer um estrogonofe de frango na CABE-TTD, foi puxar seu POzinho. Pois é, nos dias normais aquela quadra já era meio vazia, já sábado à tarde era deserta mesmo.  O único lugar aberto naquele dia era um estande de vendas de imóveis. E nesse estande só havia uma vendedora, muito bonita por sinal. Então, quando a dupla de PO precisava tomar água, ia para esse local, mas quando a necessidade era‘um banheiro’, eles andavam um bom bocado pra chegar num boteco copo sujo que tinha em outra quadra.

Mas lá pelas duas da tarde, nosso amigo sente um rebuliço estranho em seu estômago. Vou esperar para fazer em casa, pensou ele. Mas a natureza não estava tão paciente naquele dia! Sentiu novamente uma pontada no estômago e uma pressão insuportável. Cogitou soltar um pouco do gás estomacal para aliviar a pressão no ventre, mas seria muito arriscado naquelas circunstâncias. Então a solução seria ir até o bar copo sujo para aliviar-se. Porém esse alvitre foi imediatamente descartado. Era longe demais, não daria tempo. Então a única solução que havia era solicitar o banheiro do estande.

Só elegeu essa solução, depois de muito hesitar, por que definitivamente não havia outra. O estande era pequeno, com ar condicionado e pouco isolamento acústico. Além disso, a vendedora era muito bonita, o que só contribuía para aumentar o constrangimento de nosso amigo. De repente se a moça fosse feia a vergonha seria menor, pensava ele. Mas a natureza é implacável e ele teve que dominar sua timidez e pedir socorro. No caminho até o estande por diversas vezes teve que parar e travar as pernas, enquanto o suor descia, pois vinha uma pontada na barriga que até hoje ele não sabe como conseguiu segurar. Mas enfim, chegou.

Quando pediu para usar o banheiro, não pensava em nada na hora, pois osentimento de desespero para chegar ao vaso era infinitamente maior. Nisso, seu companheiro de PO ficou na salinha “forçando a amizade” com a menina. Porém meus nobres, quando finalmente sentou naquele bendito vaso, ouviu-se da salinha uma explosão que assustou a donzela! Depois do primeiro estampido, seguiram-se outros não menos barulhentos e cadenciados, tipo uma bateria antiaérea.  Outra hora, o barulho era mais agudo e mais longo. Tudo isso acompanhado por barulho de algo pesado caindo em água.

O constrangimento tomou conta do lugar. Em seguida um terrível odor invadiu aquele ambiente, antes perfumado. Então seu companheiro de PO, numa atitude reprovável e pusilânime, desistiu de alugar a moça e abandonou-o ali. Depois de já aliviado, sua preocupação passou a ser outra: como sair daquele banheiro? Se pudesse cavaria um túnel pelo chão só para não deparar-se com a menina. E, depois de alguns minutos tomando coragem, abre a porta e sai, mais vermelho que pimentão maduro, andando firme em direção a saída, que parecia não ter mais os três metros de antes, mas três quilômetros, e sem olhar para a moça diz um tímido ‘OBRIGADO!’.

FIM!

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