Ontem quando saia de
serviço e vinha para minha residência passei por duas situações que me levaram
a refletir sobre o título dessa postagem: estou preparado para um confronto
armado?
Sou acostumado a andar com os dois vidros dianteiros do carro abertos, não importando a hora e o local, só fechando quando chove mesmo, e já que saia do serviço, estava fardado (aqui no Distrito Federal a grande maioria dos policiais militares ainda faz o deslocamento para casa e para o serviço fardados). Parei em um semáforo e apesar da arma em condições estava tudo bem tranqüilo.
Um motociclista parou
sua moto a aproximadamente dois metros de distancia da minha janela, olhou bem
para mim e começou a mexer na cintura e em um bolso da jaqueta que couro que
usava. Fazia isso de forma estranha, não aparentando estar em sua normalidade.
Quando essa movimentação de mão começou a minha pistola que já estava em baixo
da coxa passou para minha mão direita e ficou quase apontada para o
motociclista.
Foram longos 50
segundos, não sei se ele percebeu minha movimentação, mas ele parou de se mexer
e partiu. Recoloquei a arma embaixo da coxa e segui meu rumo.
Como se não bastasse
essa situação ao chegar à minha casa, que tem portão automático, ao estacionar
o carro de ré percebo outro motociclista, mas este não viu minha farda, já descendo
da moto falando para eu não me assustar que ele era vigia da quadra e queria
conversar comigo… falei que não estava assustado e pedi para que ele não se
assustasse, pois eu estava armado e com a arma de fogo em punho.
Depois desci do carro e
ele ao perceber minha vestimenta já se apressou em me mostrar documentos
falando que era “cidadão de bem” passando-os pela grade do portão.
As duas situações me
mostraram que somos preparados para o confronto no serviço, onde estamos
fardados, contamos com companheiros para nos auxiliar, o efeito psicológico de
estar em uma viatura e quase sempre em superioridade numérica. Mas em nossa
folga, em nossos lares?
Será que estamos
preparados? Há quanto tempo o colega policial não atira em um estande, não
atira com um pouco de pressão, o que faz muita diferença, onde nosso
psicológico está fora da normalidade. Infelizmente para a grande maioria dos
policiais das corporações brasileiras (inclusa a minha, PMDF) a realidade é
triste e desanimadora no que se refere a treinamento de tiro.
Todos enchem a boca
para falar que o policial é policial 24 horas, mas na hora de dispor condições
para o policial treinar a conversa muda de rumo.
Quando na folga não
estamos preparados para confrontos, por isso o número de policiais mortos fora
do serviço é tão superior aos mortos em confronto durante o serviço.
O Estado deveria nos
dar treinamento, mas não adianta ficar resmungando esperando, afinal de contas
a vida é nossa.
Segue um link do site defesa.org que lista
estandes e clubes de tiro em quase todos os estados brasileiro:
DIÁRIO DE PM/BM
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