- Eu falei pra você
homem. A culpa é sua. É isso que dá você ser tão teimoso assim. Acusou a mulher.
- Ihh! Lá
vem você. Sai do meu pé chulé! Era só o que me faltava. Já não basta o pessoal
lá do trabalho me zoando o tempo todo, agora é você? Protestou o homem.
- Também! Um
cabeça dura que nem você eu duvido que exista outro igual. A nossa sorte é que
esse ladrão que entrou aqui em casa tinha um coração muito bom.
Se ele não
tivesse sido legal a nossa situação poderia estar muito pior. Comentou a
esposa.
- Bom
coração? Legal? Sei! O que esse marginal fez, foi um crime. Onde já se viu
entrar na casa dos outros desse jeito para roubar o dinheiro.
Ele só
resolveu deixar uma parte da grana porque ele deve ter ficado com peso
enorme na consciência. Entretanto, esse gesto desse elemento não me convenceu.
E o restante
do dinheiro? Onde está? Desabafou o marido.
- É claro
que foi um crime, mas você tem que admitir que você vacilou. O prejuízo poderia
ter sido muito maior. Já imaginou se o bandido tivesse levado todo dinheiro e
ainda por cima tivesse levado, entre outras coisas, o Toquinho e a Drica.
Você viu que
a bandidagem está cada dia mais imprevisível. Eles sempre aparecem com
novidades. Hoje em dia, nem os cachorrinhos eles estão perdoando.
Ele poderia
ter feito isso, mas ele não fez. É por isso que, apesar dele ser um criminoso,
eu estou dizendo que esse ladrão foi gente boa conosco.
Além do mais
ele ainda se preocupou em deixar para nós algumas dicas muito importantes. E
olha que esse tipo de conselho que ele escreveu nesse bilhete aí eu já tinha
comentado com você!...
Eu falei pra
você colocar cadeados nas janelas. Você não me escutou. Agora, eu quero ver se
com as recomendações do próprio assaltante você vai mudar de ideia.
Falou a
mulher.
- Se esse
gatuno fosse um cara legal ele não teria entrado lá em casa para nos roubar.
Esse bandido tinha mesmo é que ir para a cadeia. Desabafou o homem.
...Ah!
Eu ia me esquecendo: você viu que, no bilhete, o ladrão se despediu mandando um
abraço pra gente. Lembrou-se a esposa.
- Um abraço!
Estranhou o homem.
- É! Isso mesmo!...Um
abraço! Confirmou a mulher.
- Hum!...Tá
vendo: além de tudo é um abusado. Ladrão folgado! Resmungou o marido
Por: Edilson Rodrigues Silva
Diário de PM/BM
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