Esta
é uma história real.
Sobrevivi
pra contar,
Entenda
como quiser
Mas
não se apresse em julgar.
Sou
apenas anteparo...
Dos
problemas sociais,
Quando
me chamam é porque
O
mau, presente se faz.
Pixote
era meliante
Vivia
o crime a praticar,
Mik,
fiel combatente
Sempre
pronto a atuar.
Hoje
posso afirmar
Com
toda convicção,
Para
o emergente Pixote
Não
havia salvação.
Quem
matou Pixote? Esta pergunta aparentemente ingênua e sem resposta plausível, era
o que mais se ouvia das autoridades encarregadas de apontar os autores e as
circunstâncias em que ocorreu o "Episódio Pixote", em Diadema.
Para
quem não conhece ou nunca ouviu falar, Pixote era membro de uma família de
classe pobre, denominada "metralha", o caçula de sete irmãos, sendo
que três dos quais já havia tombado em confronto armado com a Polícia Militar;
o quarto irmão e sobrevivente de outro confronto, no qual vitimou um policial,
ainda se encontra preso, condenado por vários roubos e pela morte desse
policial. Os demais irmãos sobreviventes, não tenho informação que fim tiveram.
O
pseudônimo Pixote surgira de sua participação no filme de mesmo título,
produzido pelo renomado cineasta e produtor cinematográfico Hector Babenco.
Antes de qualquer participação em cinema, Pixote era simplesmente o adolescente
F.R.S. Garoto endiabrado vivia praticando todo tipo de furto e roubo a
residências e veículos, em Diadema e São Bernardo do Campo, sua área de
atuação. A final, a escola para iniciação ao crime era a sua própria família.
Sua tia sempre esteve ligada a contravenção do jogo do bicho, tendo essa
atividade ilícita como principal ocupação e meio de sobrevivência, até os dias
de hoje. Seus irmãos mais velhos e alguns primos já eram veteranos na arte de
praticar o mau, constituindo assim uma verdadeira “família metralha”.
Dessa
forma, não havia outro caminho a ser percorrido pelo pequeno Pixote. Por mais
que tentasse outra saída honrosa, como o cinema, o meio em que vivia
empurrava-o diretamente para o submundo do crime.
No
permanente combate a criminalidade, o soldado Mik sempre cruzava o caminho
dessa “família metralha”, deixando um ou outro tombado ou preso. O pequeno
Pixote, ainda não demonstrava maldade em seu olhar de criança, sempre
sorridente, como se não tivesse noção do perigo; o que demonstrava era coragem
e habilidade no manuseio do “treis oitão” – gíria da época , referindo-se ao
revolver cal.38, arma preferida da bandidagem, para confrontar a polícia.
Assim, pouco a pouco, a família metralha assinava sua sentença, até chegar
àquela fatídica tarde de 25 de agosto de 1987, quando a guarnição do soldado
Mik foi enviada para averiguar uma solicitação de roubo a residência, que
estaria ocorrendo nas imediações da rodovia dos imigrantes...
* José de Almeida Borges é 1º Sgt QPR
PM da Polícia Militar de São Paulo.
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