domingo, 5 de agosto de 2012

Acidente em Congonhas: Bombeiros relatam histórias do maior desastre aéreo do país




O tenente Pereira estava na primeira viatura que chegou ao local e resgatou duas pessoas com vida

O tenente Henguel Ricardo Pereira, de 36 anos, estava na primeira viatura que chegou ao local e resgatou duas pessoas com vida. Com uma escada convencional, encontrada no prédio da TAM Express, ele e o sargento Lealdo Machado, de 34 anos, salvaram duas vítimas que estavam no 4º andar.



Henguel conta que havia muita fumaça e as pessoas estavam prestes a pular. “Tive medo, achei que não fosse conseguir porque o prédio estava desabando”, lembra. O tenente começou a trabalhar ontem (17), minutos após o avião Airbus da TAM colidir com o prédio e permaneceu no local durante 16 horas. Agora ele se prepara para voltar ao aeroporto ainda esta noite. “Foi a maior experiência da minha vida”, se emociona.

Desde às 18h45 de ontem, bombeiros de toda a Capital e Grande São Paulo trabalham no local do acidente, com a mesma dedicação que Henguel. A primeira equipe chegou apenas três minutos após o desastre. “Chegamos antes de sermos avisados pela Central de Operações”, destaca o sargento Geraldo Félix Câmara do 1º Grupamento de Bombeiros, da mesma equipe do tenente Henguel. Eles se dirigiram ao local após ouvirem o estrondo provocado pela colisão do Airbus.

O soldado Josivaldo Francisco da Silva, que chegou ao local cerca de dez minutos após o acidente, conta que o prédio estava em chamas e o clima era de muita tensão. “Um hotel ao lado tinha duas pessoas que queriam pular do último andar”, recorda. Diante da delicada situação, Josivaldo, acompanhado do 3º sargento Rodrigues, do cabo Eduardo, do sargento Spanholo e do soldado Cachedi, entraram no hotel. “Retiramos as duas pessoas do último andar. No total resgatamos do local seis pessoas; três estavam inconscientes”, recorda o soldado.

Foram mobilizados, de início, 14 bombeiros para o local do acidente, que fica a três quadras do grupamento, no Campo Belo, zona sul da Capital. Em pouco tempo, mais de 100 homens combatiam o incêndio provocado pela explosão. No início da madrugada, esse número chegou a 255. O fogo era muito intenso porque no momento da colisão, o combustível da aeronave se inflamou. “Houve um grande incêndio de imediato e o avião ficou totalmente destruído”, explica o coronel Manuel Teixeira de Araújo. A equipe maior trabalhou até às 2 horas da madrugada para controlar as chamas mais altas. Araújo informou também que um carro foi encontrado entre os escombros.

Com o incêndio controlado, na madrugada de hoje, os bombeiros começaram o resgate das vítimas. “A maior dificuldade é a retirada dos corpos das ferragens”, explica Araújo. “Está sendo um dos trabalhos mais difíceis para os bombeiros”, completa.

O risco de desabamento é uma preocupação constante da equipe. “Nossa principal preocupação é com a estrutura do prédio, que pode cair”, explica o capitão Nilton Miranda, porta-voz do Corpo de Bombeiros. A corporação também retirou os moradores de 27 casas próximas ao local do acidente por medida de segurança.

O 1º sargento Maia rendeu às 7h da manhã os colegas que trabalharam desde a hora do acidente. Ele trabalha no resgate dos corpos há mais de 10 horas. Ele disse que a equipe recebe dos moradores das imediações água e refrigerante. “É bom perceber que a população apóia os nossos serviços”, disse o sargento.

Solidariedade

O capitão Roberto Lago, do Centro de Suprimento e Manutenção / Material Operacional de Bombeiros (CSM/MOpB) estava em casa com sua família quando viu o acidente pela TV e saiu imediatamente para ajudar no socorro. “Fui para o quartel, peguei meus uniformes, e vim para o local”, afirmou. Lago tem uma filha de 3 anos e um filho de 8 anos, e conta que os dois ligaram várias vezes para saber se estava tudo bem com o pai.

Lago também participou do resgate das vítimas do Focker 100 da TAM, em 1996. Naquela ocasião, 99 pessoas morreram quando o avião teve problemas na decolagem. “Agora eu estou ajudando na retirada dos corpos. Nesse caso, infelizmente, o quadro é muito mais grave e o cenário é triste”, lamentou Lago.

A comissária de bordo Patrícia Veiga, de 26 anos, mora a uma quadra e meia do aeroporto e ajudou as equipes do Corpo de Bombeiros nos primeiros momentos após o acidente. Ela ficou impressionada com o trabalho da corporação. “Eu não imaginava uma estrutura dessas que o Corpo de Bombeiros trouxe aqui. Eles conseguiram chegar antes de mim e fizeram tudo o que é possível”, conta, ainda emocionada e abalada com a tragédia.

O secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, destacou o empenho dos soldados no resgate das vítimas. “Os bombeiros estão dando o melhor de si para retirar os corpos com dignidade e entregá-los com dignidade às famílias”, ressaltou. “É um trabalho incessante, inclusive sob risco, tentando, dentro do possível, minimizar esta tragédia. O objetivo é retirar os corpos com dignidade”, reafirmou.

Da Secretaria de Segurança Pública

Diário de PM/BM

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